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Coração ou razão: o carnaval do Oscar

A solenidade do Oscar neste domingo promete ser de emoção em meio a folia do Carnaval. E a alegria pode ficar ainda maior se o filme brasileiro “Ainda Estou  Aqui”  ganhar  as estatuetas pelas quais concorre, Melhor Filme, Melhor Filme Internacional e Melhor Atriz para Fernanda Torres. Assisti quase todos os filmes concorrentes,  sem deixar de fora os mais cotados. É bem complicado deixar o coração de lado de fora  do cinema  toda vez que começa na tela um filme concorrente. No meu caso, faço logo a comparação com o filme brasileiro como grande torcedor, mas aos poucos  procuro o distanciamento necessário para usar da racionalidade  sobre todos os aspectos que  estão em volta da premiação. A disputa está acirrada como nunca,  ainda mais  que pela  primeira vez os favoritos pela quantidade de indicações não são unanimidades entre os críticos  e alternam a cada semana  nas  apostas.  Como não chego a ser um cinéfilo profissional, embora  assistir filmes  seja um dos  meus prazeres prediletos desde sempre, pedi ajuda à Brígida Poli, minha companheira aqui no portal,  que  toda semana escreve sobre filmes e séries em sua coluna.  Brígida Poli, como especialista, atendeu o meu pedido e gentilmente  colaborou com a coluna numa entrevista sobre o que podemos esperar do Oscar  e outras considerações sobre o momento do cinema.

 

As chances do Brasil no Oscar por Brígida Poli

Brígida Poli – especialista em filmes e séries (Foto: Divulgação)

 

 

1 – Vamos começar pelo que mais nos interessa no momento: você acha que domingo , finalmente, o Brasil tem chance de conquistar seu primeiro Oscar ?

Brígida Poli: Olha, o cinema brasileiro já foi indicado ao Oscar algumas vezes, mas o mais perto que
chegamos foi com ‘Orfeu Negro’ (1960), filmado aqui em pleno carnaval e com atores brasileiros. Porém como foi uma produção França-Itália-Brasil, a estatueta foi parar na França por causa da nacionalidade do diretor, Marcel Camus. Estarmos concorrendo em três categorias importantes é algo extraordinário. Como tento me manter bem realista para não amargar uma decepção, eu diria que das três indicações, Melhor Filme, Melhor Filme Internacional e Melhor Atriz, nossa maior chance é Melhor Filme Internacional.

 

2 – Mas, o favorito a Melhor Filme Internacional não é ‘Emilia Pérez’ ?

Brígida Poli: Esse filme um dia vai servir de pesquisa nos cursos de cinema e de marketing! Algo assim: ” como destruir o próprio trabalho em 10 lições”. ‘Emília Pérez’ começou como um arrasa-quarteirão. Trazia uma história bem original em formato de musical, fazendo história com a primeira atriz trans, Karla Sofía Gascón, a concorrer aos principais prêmios do cinema. De repente, começou uma derrocada provocada pelo mal-estar causado no público mexicano diante da forma estereotipada com que foram retratados e, pior, as declarações antigas e recentes de Karla Sofía envolvendo temas sensíveis como racismo e xenofobia. A atriz espanhola de um dia para o outro tornou-se persona non grata não só na mídia, mas junto ao público e até dentro da própria
equipe. O diretor francês também deu uma ajudinha para essa derrocada ao afirmar coisas como ” não preciso conhecer o México para filmá-lo” e ” a língua espanhola é típica de países pobres”.

 

3 – Isso aumentou as chances de ” Ainda estou aqui” e da Fernanda Torres?

Brígida Poli: Sim, aumentou, mas não devemos esquecer que além desses dois filmes – e de Fernanda e Karla- há outros filmes e intérpretes importantes concorrendo nas mesmas categorias que nós.

 

4 -Você arrisca um palpite a melhor filme ?

Brígida Poli: Não  sou muito boa de prognóstico e, neste ano, ainda tem algo muito raro acontecendo: não há um filme franco favorito. No ano ado, por exemplo, só uma hecatombe tiraria o Oscar de “Oppenheimer’. Nesta edição, a cada semana emerge um dos indicados. Nesses últimos dias, por exemplo, até pela doença do Papa Francisco, eu apostaria minhas fichas em ” Conclave”.

 

5 – E melhor atriz ?

Brígida Poli: Temos que levar em conta que não é apenas a melhor interpretação que define os prêmios. Há o lado subjetivo, a história do artista, o momento… Meu palpite é que ganha Demi Moore, por “A Substância”. Hollywood adora artistas que dão a volta por cima, como aconteceu com John Travolta ou Robert Downey Jr. Não que Demi estivesse na rua da amargura, mas andava meio no ostracismo e voltou às telas numa história audaciosa que cruza com a própria vida pessoal: o etarismo sofrido pelas atrizes. Outro nome que aparece na bolsa de apostas é o de Mikey Madison, por “Anora”. Mas, seja como for, Fernanda Torres está consagrada no cinema mundial. Vários diretores internacionais já demonstraram interesse em filmar com ela. O fato de nossa
Fernandinha ser articulada e falar um bom inglês também ajuda muito.

 

6 – A melhor ator, você tem algum favorito?

Brígida Poli: Se você me perguntar quem eu acho que ganha, vou no óbvio: Adrien Brody, por “O
Brutalista”, que já ganhou o Oscar em 2003, por “O Pianista”. Agora, se você me perguntar quem eu gostaria que ganhasse, responderia: Ralph Fiennes. Não só pelo trabalho em “Conclave”, mas pelo conjunto da obra. É inacreditável que um ator dessa qualidade nunca tenha ganho um Oscar. Costumo brincar que Fiennes é a Glenn Close de terno, outra grande intérprete injustamente esnobada pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood.

 

7 – Mais algum injustiçado este ano?

Brígida Poli: Sim, claro, o filme de Walter Salles concorre em três das mais importantes categorias
do Oscar e ele não foi indicado a Melhor Diretor.

 

8 – Ganhar um Oscar tem assim um significado tão grande para o cinema brasileiro ?

Brígida Poli: Sim, tem. Mesmo que , muitas vezes, a gente menospreze o cinema hollywoodiano, é
inegável o alcance que ele tem como indústria. E, não adianta querermos ficar apenas com a visão romantizada da arte. Filmes são caros, muito caros. O cinema brasileiro vive em sobressaltos, dependendo da importância que o governo da hora dá para a cultura. Se ele se firmar como indústria, dependerá menos dos humores políticos. No caso de “Ainda estou aqui” não houve verba estatal, mas ela é necessária muitas vezes, sem falar em leis de proteção e divulgação.  Felizmente, estamos recuperando o tempo perdido. “Ainda estou aqui” tem mostrado ao mundo que o Brasil sabe fazer cinema. Temos grandes diretores em atividade como Walter Salles, Fernando Meirelles, Kleber Mendonça Filho e Karim Ainouz. Temos também atores talentosíssimos. No rastro de “Ainda estou aqui”, o filme brasileiro “O Último Azul”, de Gabriel Mascaro , com o ótimo Rodrigo Santoro, acaba de ganhar o Urso de Prata no Festival de Cinema de Berlim. Um sucesso puxa o outro, é uma questão de visibilidade.

 

9 –  Mais alguma coisa que você queira dizer ?

Brígida Poli: Sim, quero. Acompanho cinema desde muito jovem e nunca vi tal comoção em torno de um filme brasileiro e de uma atriz como agora. Preconceitos com o cinema nacional caíram por terra junto ao público que não costuma prestigiar os filmes feitos aqui. Mais de cinco milhões de pessoas foram ver a história de Eunice Paiva, viúva de Rubens Paiva, sequestrado e assassinado durante a ditadura militar. Só isso já bastaria
para dar vivas a “Ainda estou aqui’. Mas, há outro fator importantíssimo: o filme de Walter Salles, baseado no livro de Marcelo Rubens Paiva, filho de Eunice e Rubens, trouxe à baila esse assunto desconhecido em detalhes pelas novas gerações. Muita gente saiu da sala de cinema surpresa com os tenebrosos acontecimentos dos anos de chumbo no Brasil. Cinema existe para entreter, mas também para resgatar a história de um povo. Ou como a frase de um dos meus diretores, Federico Fellini, que uso na minha coluna aqui vizinha à sua: “cinema é um modo divino de contar a vida”. E, por fim, vale simpatia, sal grosso, arruda, reza, promessa …enfim, o que for, no domingo à noite , para torcer por “Ainda estou aqui” e Fernanda Torres.

A cerimônia será transmitida pelo canal fechado TNT, pelo streaming MAX e na TV aberta pela Globo.

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“Mulheres do Samba” com Orquestra Brasileira volta ao palco 

Foto: Divulgação

A Orquestra Brasileira reunirá no mesmo palco grandes vozes femininas catarinenses do samba, em homenagem às principais compositoras e intérpretes brasileiras que marcaram época e até hoje inspiram gerações. O show “Mulheres do Samba” trará expoentes do gênero: Juliana D os, Camélia Martins, Jandira Rosa e Bárbara Damásio. O espetáculo será no dia 06/03, às 20h30min, no teatro Ademir Rosa, no CIC. Um show  sob o comando do idealizador da orquestra, o regente e pianista Luiz Gustavo Zago.

Para aqueles que ainda têm fôlego para curtir o carnaval, será a oportunidade de sacudir o CIC na “quinta-feira de cinzas”, com este evento que é também um presente para o público feminino, em comemoração ao Dia Internacional da Mulher (8/03). As cantoras irão se revezar individualmente no palco e também em duplas, trio e quatro vozes. Entre os graves de Camélia e Jandira e os agudos de Juliana e Bárbara, a orquestra fará uma verdadeira viagem no tempo, com sambas que vão dos anos 1950 até os dias atuais.

Será possível matar saudades de sucessos de Elizeth Cardoso, Elza Soares, Clara Nunes e Elis Regina. Curtir as músicas de Maria  Bethânia e Marisa Monte. E prestigiar as gerações mais recentes, como Maria Rita, Roberta Sá e Mariene de Castro, entre outras. “Trata-se de um recorte com as grandes vozes dentro do universo do samba. Daremos luz aos mais variados estilos”, explica Zago. Tudo acompanhado pela Orquestra Brasileira, que trará ao palco 16 músicos e intérpretes, sendo: três violões, cavaco, bandolim, piano, acordeom, flauta, sax, baixo, bateria, duas percussões, e quatro vozes. Os ingressos podem ser adquiridos na blueticket.

Regente e pianista Luiz Gustavo Zago

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Balança Mais não Cai Pronto para o carnaval

Carnaval 2024 (Foto: Divulgação)

Serão quatro dias  de festa, de 28 de fevereiro e 3 de março, e alegria em mais um ano de carnaval do tradicional Camarote Balança Mais não Cai em Santo Antônio de Lisboa.  Num dos lugares mais animados e procurados durante o carnaval,  a festa do Balança  tem uma programação para agradar todo tipo de folião.  Além das atrações musicais, a gastronomia é destaque, com frutos do mar , moquecas, risotos, petiscos  e sanduíches, entre outras  opções.  Para acompanhar o cardápio, bebidas  aos gosto do folião durante toda festa.  Do camarote o público pode acompanhar de perto todas atrações do  carnaval de Santo Antônio de Lisboa, como Dazaranha, Gambá Xeiroso e  Bloco do Zé Pereira, entre outras.

O o ao camarote é através da compra de  abadás que estão à venda no  pensanoevento.com.br . Mais informações em  @freguesiabar .

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Carnaval de Santo Antônio para as crianças 

Boi de Mamão na folia dos pequenos  (Foto: Divulgação)

Além dos  dias de folia para os adultos, o Carnaval de Santo Antônio de Lisboa reservou agenda para atender a criançada em sua programação de cinco dias de festa. A terça de carnaval, dia 4  de março, terça-feira,  foi  reservada para o Bailinho Infantil, incluindo  a brincadeira do tradicional Boi de Mamão da comunidade.

A programação, que inicia às 14h, promete animar as crianças no embalo da banda Los Gran Nanicos, com repertório leve e animado de Rô e Dadá, que vai das canções autorais, populares, cantigas até músicas infantis contemporâneas, para os pequenos caírem na folia. O DJ Felipe Corrêa e o arrastão de blocos também integram a agenda que encerra o carnaval de 2025 em Santo Antônio de Lisboa. Para mais informações sobre a programação do Carnaval de Santo Antônio basta ar a página oficial do evento no https://www.instagram.com/carnavalsantoantonio/.

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Hora de enterrar a tristeza

Foto: Divulgação

Muita gente já deixou a  tristeza de lado para cair na folia. Afinal, mal virou o ano e o carnaval já se  espalhou por Florianópolis. No último final de semana o Berbigão do Boca reuniu uma multidão no centro da cidade com muita alegria rolando pelas ruas. Mas Floripa tem um dia certo para enterrar a tristeza que é tradição, toda quinta-feira antes do começo do carnaval, que  pelo calendário oficial são quatro dias. Nesta quinta, 27 de fevereiro,  a festa do Enterro da Tristeza convoca os foliões para deixar o que está ruim de lado  e encher a vida de alegria.

Organizado pelo Bloco SOS, o Enterro da Tristeza é cheio de ousadia, música e  tem  defunto, morte, coveiro e toda a irreverência da corte com sua rainha e princesas, mas de fúnebre mesmo não tem nada. Para ficar mais perto do bloco é preciso comprar abadá e a venda está sendo feita pelo enterrodatristeza.com.br .

A concentração começa às 15 horas na Avenida Hercílio Luz, próximo à Mauro Ramos e depois o cortejo parte para o centro da cidade, entrando pela noite. E na programação de carnaval de Florianópolis tem ainda os blocos de sujo, Pop Gay e Desfile das Escolas de Samba como eventos oficiais da cidade.

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Folia no Lira terá Rei do Carnaval

Foto: Divulgação

De 27 de fevereiro a 4 de março, o Lira Tênis Clube vai realizar a maior edição da sua folia quase centenária. Serão cinco festas para todos os públicos nos altos da Felipe Schmidt, centro de Florianópolis, preservando a essência do carnaval, com direito a marchinhas, confete, serpentina e a corte carnavalesca  que este ano tem novidade. Diemerson Silva Pontes, atual ista Diamante, será coroado Rei de Carnaval do Lira.

A programação começa com o  Esquenta do Lira, na quinta-feira, 27 de fevereiro. Com entrada gratuita, o evento contará com a Corte de Carnaval do Clube, a Banda Magia Rara e Bateria Show Acadêmicos do Sul da Ilha. No sábado, 1º de março , acontece a tradicional Feijoada do Lira com a Bateria Show Acadêmicos do Sul da Ilha, o Grupo Swing Maneiro, tequileiros e a Corte de Carnaval do Lira. No domingo, 2 de março, e na terça-feira, 4 de março, acontecem os bailes infantis com repertório para a idade com a banda Caravana da Magia, concurso de fantasia, recreação infantil e brinquedos infláveis. Já na segunda-feira, 3 de março, acontece um dos mais tradicionais bailes de salão de Santa Catarina, o Folira, com o Grupo Swing Maneiro e Bateria Show Acadêmicos do Sul da Ilha.

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Bom carnaval e na torcida do Oscar.

Até  quarta de cinzas 🥳.

No instagram: @anselmoprada

 

Os colunistas são responsáveis por seu conteúdo e o texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal Making of.

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