A primeira notícia da demissão de Cecília Flesch, do programa “Em Ponto” da GloboNews dizia o motivo como sendo “ter falado mal da TV Globo em um podcast”. Essa nota, apesar de incorreta, ainda pode ser lida por aí, pois a internet não perdoa erros e mantém para sempre o que foi dito e escrito.
E por que foi um erro? Primeiro, porque a jornalista não falou mal da Globo. Ela disse algo verdadeiro: o canal de notícias onde trabalhava é chamado nos bastidores de “RivoNews”, referência ao ansiolítico Rivotril, diante do revezamento constante de informações de política e de economia. Não deixa de ser uma confidência, mas é o que se vê na GloboNews – e nas demais cabos – uma chata repetição de informes e entrevistas para preencher espaço.
E no caso de Cecília, tinha que preencher três horas diárias no início da manhã, tarefa para a qual acordava às 2h15.
O único exagero da jornalista foi ter dito que durante certas entrevistas, de tão chatas, jogava TwoDots para manter a concentração. O , sem dúvidas, não deve ter gostado de saber que a apresentadora que lhe entregava uma entrevista – chata ou não –não estava ligada em fazer as melhores perguntas.
Válvulas
O ambiente de uma redação atuante é sempre nervoso. Há inúmeros deadlines para pauteiros, repórteres, editores, apresentadores e gestores.
O stress é permanente, ainda mais se considerarmos que os fatos desagradáveis – desastres, mortes – chegam primeiro aos jornalistas, que precisam coletar as informações e transformá-las em notícias rapidamente. Não dá tempo de as vezes nem de processar os fatos.
Cada um tem seu método de encarar os desafios diários da profissão e até os que eventualmente tomam Rivotril, como na GloboNews.
Conselho

Coincidindo com a história de Cecília Flesch, o colunista da NSC, Ânderson Silva postou no instagram ontem uma série de dicas para que as pessoas cuidem mais de si e da família. Demonstrou preocupação com pessoas próximas que nos últimos tempos começaram a ficar doentes.
Fala em excesso de preocupações e tentativa de controlar coisas que nem sempre dependem da gente.
Ânderson não se referiu especificamente a alguém, mas a Making Of sabe que recentemente uma colega dele precisou se ausentar uma semana por estafa. Mas faz parte daquele ponto já citado de deadline – ter que fazer tantas intervenções por dia no meio eletrônico – às vezes sem ter tema relevante, escrever diariamente uma coluna, mais outra semanal e parecer estar sempre bem.
Infelizmente, as redações vão continuar sendo um ponto de tensão e é preciso istrá-las. Por isso, não custa pedir, “Deus salve os jornalistas.”