Por Alexandre Gonçalves*
Uso inteligência artificial generativa desde o lançamento do ChatGPT, em novembro de 2022, e acompanho com maior atenção e interesse desde que lancei, em março de 2023, minha newsletter (agenteGPT), dedicada ao tema. E posso dizer que nunca houve no segmento de IA um momento como o que estamos assistindo agora, devido à chegada do DeepSeek, no dia 20 de janeiro, causando forte impacto no mercado e, a princípio, apontando para novos horizontes.
Até então, o segmento de inteligência artificial era “sacudido” pela disputa entre quem apresentava as melhores e o maior número de novidades e atualizações. A OpenAI, dona do ChatGPT, que já se diferencia pelos GPTs customizados, estava surfando essa onda.
Em dezembro ado, promoveu 12 dias de lançamentos, incluindo o o à SORA, IA que gera vídeos a partir de textos, além de outras funcionalidades que reforçam o papel da ferramenta da empresa como um eficiente assistente de tarefas (não há como negar), disponíveis para os usuários da versão paga. E há algumas semanas, lançou o Operator, um agente autônomo disponível para a conta Pro, que executa uma série de tarefas (reservas em restaurantes e hotéis, por exemplo) a partir de um único comando do usuário.
O mesmo vem ocorrendo com o Google. A empresa entrou em 2025 disposta a fazer apostas mais altas em IA, segundo declaração de seu CEO, Sundar Pichai, para recuperar o terreno perdido para a OpenAI. Prova disso está no avanço das atualizações do Gemini (sua IA generativa, agora 2.0) e no aprimoramento de plataformas ainda não tão conhecidas, mas de impacto surpreendente, como a NotebookLM.
Um competidor diferente
A DeepSeek segue o padrão de outras IAs generativas: uma interface simples baseada em chat, e a prompts eficientes e a capacidade de enviar arquivos de referência ou ativar buscas na web (com dados atualizados até outubro de 2023). Com o gratuito, os usuários podem tirar dúvidas, gerar textos, obter ajuda com programação e explorar ideias criativas.
No entanto, um grande diferencial da DeepSeek é o fato de ser open source (código aberto). Isso significa que qualquer pessoa pode ar, modificar e distribuir o código-fonte, o que atrai desenvolvedores e empresas que desejam personalizar a ferramenta para suas necessidades específicas e ter uma IA rodando em sua própria infraestrutura.
Não é a primeira vez que surge um competidor para o ChatGPT. O Claude, da Anthropic, por exemplo, já ocupou esse papel, com boa performance na versão grátis, mas sem alcançar a popularidade do rival. Da mesma forma, não faltam aqueles que recorrentemente dizem para você esquecer o ChatGPT porque a inteligência artificial “XPTO” é melhor.
Mas, com a DeepSeek, a disputa se dá em outro campo: custos menores de treinamento da IA, sem perda na eficiência e qualidade das interações já na versão gratuita. A empresa afirma que o treinamento do DeepSeek-V3 custou menos de US$ 6 milhões, uma fração do que gigantes como a OpenAI gastam. Além disso, o DeepSeek-R1 promete reduzir custos operacionais em 20 a 50 vezes em comparação com modelos concorrentes.
Perspectivas e mercado em ebulição
ado o impacto dos primeiros dias da chegada do DeepSeek, o que se viu foi uma mistura de choque com a sensação de não saber exatamente o que estava acontecendo. Ocorreram críticas (o bloqueio de informações sobre a China, por exemplo), ataques de hackers, suspeitas sobre privacidade de dados e elogios com um certo nível de desdém, como o do CEO da OpenAI, Sam Altman, na linha “eles são bons, mas nós somos melhores”.
Mas também se viu muita torcida, acompanhada por uma grande expectativa: o que mais a DeepSeek terá para oferecer e qual será o grau de inovação para incluir funcionalidades que possam atrair usuários s de outras IAs generativas, como é o meu caso? Um gerador de imagem (JanusPro) está a caminho, mas antes disso a empresa precisa lidar com outro desafio: a alta demanda de usuários diante de uma nova plataforma em ascensão. Muitos relatam mensagens de “servidores ocupados”, impedindo a interação, o que prejudica a imagem e pode afetar o interesse pela ferramenta.
De todo modo, é cedo para dizer se a DeepSeek será capaz de superar a OpenAI, o Google e outras gigantes na briga pelo mercado de inteligência artificial. Pelo que vi nos últimos dias, a startup conseguiu aquecer ainda mais o segmento, e nos próximos dias certamente veremos a movimentação dos concorrentes, correndo contra o tempo e até antecipando atualizações e produtos para não dar margem para um novo “susto” ou ao menos estancar o impacto da DeepSeek.
Enquanto isso, minha recomendação é: experimente a DeepSeek, mas não abandone suas ferramentas atuais. Como sempre digo, nada impede você de usar mais de uma IA generativa, e a tendência é que as opções atuais (e até possíveis novos concorrentes) tornem-se cada vez mais eficientes no papel de apoiar diferentes tipos de demandas. Tudo sempre depende da rotina, das tarefas, das necessidades e dos objetivos de cada usuário. Afinal, no mundo da tecnologia, a diversidade de opções é sempre bem-vinda.
(*) Alexandre Gonçalves é jornalista, dono da agenteINFORMA – conteúdo e produtos digitais, e desde março de 2023 edita a newsletter agenteGPT, onde compartilha insights e sua experiência de usuário do ChatGPT, além de realizar consultorias, palestras e oficinas sobre uso, boas práticas, redação de prompts e construção de GPTs customizados.