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Cinema & Futebol

Cena de "FDP" / HBO-Divulgação

Cinema & Futebol

Aproveitando a Copa do Mundo de Futebol no Qatar, os serviços de streamings disponibilizaram produções novas – e reprogramaram outras – sobre o esporte mais amado do planeta. De séries documentais, mostrando os podres da Fifa, até uma simpática animação para os pequenos, a bola está em jogo nas telas.

 

Netflix

  • Esquemas da Fifa – minissérie documental – 04 episódios (trailer)
  • Brasil 2002 – Os bastidores do penta – documentário
  • O futebol em apuros – animação
  • Capitães – minissérie – 08 episódios
  • Neymar, o caos perfeito – minissérie – 03 episódios
  • Gol contra – 06 episódios –  ficção – Colômbia

 

Prime Vídeo

  • Jogo da Corrupção – minissérie – ficção
  • The Fifa Family – documentário
  • La muerte de Diós (Maradona) – documentário

 

Discovery + 

  • Os homens que venderam a Copa do mundo – documentário

 

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Os clássicos

Para começo de conversa, acho que ainda não fizeram “O” filme sobre o esporte bretão.  Os roteiros do cinema feito no Brasil, uma das terras do futebol, poderiam ser mais criativos. Desconheço também na outra tierra latino-americana do futebol, a Argentina, alguma produção excepcional sobre o tema, mas há algumas de várias nacionalidades que já viraram clássicos.

 

FUGA PARA A VITÓRIA (1981)

Dirigido pelo grande John Houston tornou-se um clássico sobre o tema. A história é baseada em fatos: em um campo de prisioneiros da segunda guerra mundial, um major alemão (Max Von Sydow) tem a ideia de promover uma partida entre soldados e prisioneiros. Os alemães querem ganhar para fazer propaganda do nazismo e os jogadores aliados planejam uma fuga durante o jogo, liderados pelo capitão John Colby (Michael Caine). A presença de Pelé como ator e responsável pela coreografia dos movimentos em campo da grande partida é uma atração à parte.

Curiosidade: Sylvester Stalone , que emagreceu 40 quilos para o papel de prisioneiro, queria fazer o gol da vitória. O problema é que ele era o goleiro e não faria muito sentido. Reza a lenda que incluíram o pênalti como prêmio de consolação para Stalone.

 

FEBRE DE BOLA (1997 e 2005)

Na versão inglesa original ,baseado no livro de Nick Hornby, Colin Firth vive Paul Ashworth, um professor fanático por futebol que segue o time Arsenal em todas as partidas. Ele conhece Sarah (Ruth Gemmel) que logo percebe o quanto o namorado dá mais atenção ao futebol que a ela. Como lidar com essa paixão desenfreada do namorado pelo time e as situações divertidas que surgem daí fazem a graça do filme. Nas palavras do próprio Paul “a vida se complica quando você ama uma mulher e reverencia 11 homens”!

No remake americano, o papel ficou com Jimmy Fallon, hoje mais conhecido como apresentador de TV. A namorada é vivida por Drew Barry Moore. Além dos atores, mudou também o esporte: em vez de futebol, baseball; em vez do Arsenal, o Boston Red Sox.

 

THE CUP (1998)

“A Copa” foi o primeiro filme da história rodado no Butão. Conta a história do jovem monge Orgyen e sua grande paixão pelo futebol. Na época da Copa do Mundo de 1998, ele faz de tudo para conseguir assistir as partidas das principais seleções do campeonato. Orgyen e seu amigo Lodo tentam driblar a vigilância do mestre Geko para espiar os jogos, criando situações divertidas. Um filme adorável.

 

O MILAGRE DE BERNA (2003)

O filme conta a história do primeiro título alemão na história do Mundial de Futebol, em 1954, sob a ótica de uma família praticamente destruída pela Segunda Grande Guerra. O diretor foi entremeando a conquista esportiva na cidade suíça de Berna, com a luta dos alemães para se reerguerem econômica e moralmente no pós-guerra. É uma abordagem sensível, sem ser piegas.

 

MALDITO FUTEBOL CLUBE (2009)

A história se a na Inglaterra nas décadas de 60 e 70 e fala do legendário técnico de futebol e ex-artilheiro Brian Clough (Michael Sheen). Ele ganhou respeito comandando um pequeno time, que deixou a última posição do campeonato e assumiu a liderança. Com isso, ele é convidado para treinar o gigante Leeds United. Apesar da antipatia pelo time, ele aceita o cargo. Clough teve que enfrentar o ego e caprichos dos jogadores, postura que ele detestava e atribuía ao técnico anterior. Ele durou apenas quarenta e quatro dias no cargo.

 

À PROCURA DE ERIC (2009)

Nesta produção britânica, a vida do carteiro Eric Bishop está um caos e ele precisa de coragem para mudar, bem como encarar a mulher por quem se apaixonou há trinta anos. Certo dia, após fumar um baseado, um mentor “aparece” para orientá-lo: o grande jogador Eric Cantona. O próprio Cantona, astro eterno do Manchester United,  interpreta a si mesmo. O diretor Ken Loach , ganhador recente da Palma de Ouro em Cannes com o intenso e triste “Eu, Daniel Blake”,  fez um filme leve para contar a história de Eric.

 

Outros títulos sobre futebol: Gol-O Sonho Impossível, Lições de um Sonho, Kung-Fu Futebol Club, A Um o da Glória, o chileno “Histórias de Futebol”, o irlandês “A Aposta”.

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O LIVRO QUE VIROU FILME

NUNCA HOUVE UM HOMEM COMO HELENO (Marcos Eduardo Neves – 2006 – editora Zahar- Livraria da Folha)

Um dia alguém deve ter dito: a vida de Heleno de Freitas daria um livro. E deu. O jornalista Marcos Eduardo Neves escreveu a biografia do maior craque do Botafogo antes da era Garrincha, com seus altos e baixos, melhor dizendo, baixíssimos.

Segundo a resenha da editora “é a fascinante história desse craque-problema, desde o nascimento do jogador, na pequena cidade mineira de São João Nepomuceno, até seu dramático fim de vida, e revela todos os personagens que povoavam aquele momento mítico do futebol brasileiro.

O jogador teve uma vida intensa. Ídolo nos gramados e frequentador da alta sociedade carioca, era boêmio, perfeccionista, impulsivo e viciado em lança-perfume e éter. No fim da vida, sofrendo de sífilis e consumido pela doença, foi internado em um hospital psiquiátrico em Barbacena, Minas Gerais. Morreu, em 1959, em um sanatório, considerado louco”.

 

Trecho do livro:

“Quando o Botafogo saía de casa para enfrentar times pequenos, os zagueiros cutucavam: lá vem o ‘viadinho’ de Copacabana. Tudo porque (Heleno) deixava o vestiário com as pernas brilhando da massagem de aquecimento, encharcadas de óleo. E um penteado à base de gomalina que, aliada à beleza física, lhe dava um ar de Rodolfo Valentino de chuteiras. Era uma vedete.”

 

HELENO, O FILME (Direção: José Henrique Fonseca – 2012)

Reprodução/Divulgação

É Rodrigo Santoro quem interpreta nas telas o jogador de futebol, formado em Direito e apreciador de ópera. Naquela época era incomum um craque que não fosse de origem humilde, mas ele tinha algo em comum com muitos jogadores que a gente conhece hoje em dia, era mulherengo. Não por acaso escolheram um ator bonito, pois Heleno também era um belo homem. Santoro tem uma grande atuação para a qual preparou-se com afinco: emagreceu doze quilos e treinou com o jogador Cláudio Adão para dar veracidade ao personagem. Outros nomes do elenco são Alinne Moraes, como a esposa do craque e o grande Othon Bastos no papel do dono do time.

Dando um pequeno spoiler: não há redenção na história. O filme mostra a glória, os amores, os excessos, o vício em éter e a sífilis que leva o jogador a ser internado em um manicômio até o fim da vida. Heleno morreu em 1959, aos trinta e nove anos de idade.

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É COISA NOSSA

O Brasil – chamado de “o país do futebol” merece um seleção à parte quando o tema é o esporte mais amado pela população.

 

FDP (1 temporada – 13 episódios – HBO – 2012)

Reprodução/Divulgação

A série da Pródigo Filmes foi exibida pela HBO há alguns anos e, apesar de bem sucedida, parou na primeira temporada devido a uma lei do audiovisual qualquer. Uma pena, pois a ideia é ótima. O foco da história não está no craque de futebol, mas naquele que frequentemente é chamado pelas palavras que começam com as três letrinhas do título:fdp! Sim, ele mesmo, o juiz de futebol.

A estrutura dos episódios é muito interessante: começa sempre com um sonho do personagem principal, o árbitro Juarez Gomes da Silva (Eucir de Souza, ótimo no papel), e termina com alguém o chamando de filho da p… ! Ele é um profissional correto, um homem sério na vida pessoal, mas seus raros desvios de conduta viram uma grande confusão. Traiu a mulher uma única vez e se deu mal pra sempre. No início da série, Juarez está enfrentando o processo de divórcio e precisa voltar para a casa da mãe. Na carreira ele vai bem. Foi escalado para apitar um jogo da Libertadores depois de fazer um bom trabalho no Campeonato Paulista.

Seu melhor amigo é o bandeirinha Carvalhosa (Paulo Tiefenthaler, de “Larica total”), responsável pelas melhores tiradas e maiores gargalhadas que eu dei durante a série. Também aparecem famosos do mundo da bola, como Dentinho e Neymar (que interpreta um faz-tudo), o jornalista Juca Kfouri e o craque Rivelino que interpreta um padre.

A riqueza do personagem pode ser explicada nas palavras do autor do argumento, Giuliano Cedroni: “o árbitro é o anti-herói perfeito. É a única profissão em que o cara chega no local de trabalho e, de cara, as pessoas já não gostam dele. Na série, ele é xingado no supermercado, no bar e até pelo amigo que torce por um time que ele prejudicou”.

 

Asa Branca – um sonho brasileiro (1980)

Edson Celulari, bem jovenzinho, vive o jogador de futebol de origem humilde que  acaba jogando uma Copa do Mundo. Vemos a trajetória dele saindo de um pequena cidade do interior e ando a viver com dinheiro, mulheres e muitos interesses envolvidos. Bem real, né? O elenco tinha Walmor Chagas, o empresário, e Eva Vilma. Vi a estreia no Festival de Cinema de Gramado, onde ganhou o prêmio de melhor direção. Perdeu o Kikito de melhor filme para “ Pra Frente Brasil”, um filme político sobre a ditadura, como exigiam aqueles tempos.

 

Boleiros (1998)

Reprodução/Divulgação

Um grupo de ex-jogadores se reúne em um bar para falar sobre carreira, sucesso e dissabores com o futebol. É considerado um dos melhores filmes sobre o tema. No elenco, Lima Duarte, Otávio Augusto e Rogério Cardoso. Aparecem também alguns craques verdadeiros, como o Dr.Sócrates.

 

Garrincha, a estrela solitária (2003)

A vida de Garrincha, um dos maiores mitos do futebol brasileiro, foi tão incrível que merecia um filme melhor. Baseada no livro de Ruy Castro, a produção mostra a ascensão do craque, o escândalo ao deixar mulher e filhos para viver com Elza Soares [a grande cantora que cuidaria dele e da família mais tarde], seu vício em álcool, a decadência. Infelizmente, André Gonçalves e Taís Araújo nos papéis principais ajudam a deixar “Garrincha” com cara de novela.

 

O ano em que meus pais saíram de férias (2006)

O futebol aqui é um dos panos de fundo, pois conta a história de um menino de doze  anos que tem a vida afetada quando seus pais saem repentinamente “de férias”. Na verdade, eles estavam fugindo da perseguição durante a ditadura militar. A narrativa vai sendo pontuada pela Copa do Mundo, a única alegria do garoto naquele momento de tristeza e confusão. Filme sensível que mostra a dureza dos anos de chumbo que muitos desconhecem hoje em dia.

 

Linha de e (2008)

Muito bom filme de Walter Salles, um dos melhores diretores brasileiros em atividade. Quatro irmãos, criados pela mãe, empregada doméstica e que está grávida outra vez de pai desconhecido, lutam para sobreviver e se encontrar em algo. Um deles, sonha em ser jogador de futebol. A atriz Sandra Corveloni ganhou o prêmio de melhor atriz no Festival de Cannes no papel da matriarca.

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THE END

cronica

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