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Já posso escolher os melhores filmes de 2024?

Benoit Magimel e Juliette Binoche em " O sabor da vida" (Foto: Divulgação)

Falta um mês para o final do ano, mas já surgem as primeiras listas das melhores produções de 2024. Nessa mesma vibe, vamos começar apontando  nossos filmes favoritos.  Concorda com ela? Faltou algum dos seus favoritos ? Envie seus preferidos que a gente publica aqui. Esses são os meus. Eles estão em ordem aleatória.

 

Ainda estou aqui – direção: Walter Salles – Brasil

Acho que já dá para chamar “Ainda estou aqui” de fenômeno. Não é comum um filme brasileiro de temática séria fazer tanto sucesso no próprio país.  Ele vem batendo recordes de bilheteria desde a primeira semana. Baseado no  livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva, onde ele conta o drama de infância quando seu pai, o deputado cassado Rubens Paiva, é detido para interrogatório, torturado e assassinado nos porões da ditadura militar, deixando órfãos ele e seus quatro irmãos. Na versão para o cinema, o olhar condutor é o da viúva, Eunice Paiva. Enquanto luta para criar os cinco filhos, ela tenta descobrir o que aconteceu com o marido.

Um dos méritos do filme é ser um drama, não um dramalhão. O roteiro não explora imagens violentas, mas a gente sabe que ela está lá nos sons de gritos abafados , enquanto Eunice está detida no exército, por exemplo. A atuação de Fernanda Torres também é contida, honrando a personagem real. A emoção que ela provoca no espectador é responsável pela grande expectativa de que Fernanda seja indicada a prêmios internacionais, incluindo o mais badalado de todos, o Oscar. Selton Mello também está ótimo no papel, carregado no carisma atribuído a Rubens Paiva. Cabe à Fernanda Montenegro uma participação para lá de especial: interpretar Eunice na velhice, já com a memória apagada pelo Alzheimer. É dela uma das cenas mais emocionantes do cinema dos últimos anos.

O sucesso garantiu que o livro de Marcelo vai virar também uma série de TV. Por enquanto, “Ainda estou aqui” só está disponível nas salas de semana.

 

Dias Perfeitos – direção: Wim Wenders – Japão/Alemanha  

Apesar de ser uma produção de 2023,  o filme do alemão Wim Wender só chegou por aqui este ano.  O ponto de partida da história é bem curiosa: o diretor foi contratado para filmar os novos e tecnológicos banheiros públicos de Tóquio e acabou escrevendo um roteiro ficcional.

O personagem principal, Hirayama, trabalha limpando banheiros. Sua dedicação à atividade é total. Ele faz aquilo como se estivesse limpando cristais. Logo, descobrimos que ele não é um trabalhador comum. Quando está em casa, onde mora sozinho, Hirayama lê muitos livros e ouve músicas sofisticadas. Todo dia ele cumpre sua rotina, aproveita os momentos de folga para sentar à sombra e fotografar árvores, quase não fala, mas é afável com todos ao redor. Seu olhar demonstra o quanto ele se sente feliz com isso.

Koji Yakusho,  o protagonista, ganhou o prêmio de Melhor Ator no Festival de Cannes de 2023.

“Dias Perfeitos” está disponível na plataforma MUBI (Prime).

 

O sabor da vida – direção: Tran Anh Hang – França/Bélgica

Desde o maravilhoso “A Festa de Babete” (Dinamarca/1987), a gastronomia e suas metáforas renderam muitos filmes. Quando um tema é tão explorado, fica difícil um resultado surpreendente. Mas, essa película sa, com a ótima Juliette Binoche, uma atriz que fica melhor à medida que o tempo a, conseguiu unir romance e culinária de forma brilhante. Juliette é Eugénie, uma cozinheira que trabalha há vinte anos com o chef Dodin, interpretado por Benoit Magimel ( ex-marido da atriz). Entre eles há também uma relação amorosa que Dodin tenta transformar em casamento, mas Eugénie resiste.

Um dos grandes méritos de “O sabor da vida” é a fotografia primorosa de Jonathan Ricquebourg. A preparação de cada prato vira uma festa para os olhos. Outro ponto acertado do filme é ser romântico, sem ser meloso. É um filme maduro, contando a história de um amor maduro. Uma beleza!

 

“O sabor da vida” está disponível para s no Prime e para alugar em vários outros streamings.

 

O quarto ao lado –  direção: Pedro Almodóvar – Espanha/EUA

O primeiro longa-metragem em língua inglesa do espanhol Pedro Almodóvar não decepciona. Ele acompanha a história de duas amigas que se reencontram depois de muito tempo. Na juventude, a dupla trabalhou na mesma revista. Agora, Martha, vivida por Tilda Swinton, e Ingrid , por Juliane Moore, seguiram caminhos distintos. A primeira faz uma brilhante carreira como jornalista e correspondente de guerra; a segunda vira escritora. Elas se reencontram quando Martha é diagnosticada com um câncer em estado avançado. Temas importantes como amizade,  aquecimento global e eutanásia estão em “O quarto ao lado”, envolvidos nas cores- de Almodóvar. Apesar do assunto, o humor – outra do diretor espanhol- está presente na trama.

Almodóvar já trabalhara com Tilda no curta “A Voz Humana” (2020) e se deram muito bem, ela ofusca um pouco sua colega de elenco, Juliane Moore, mas nada que comprometa.

“ O quarto ao lado” recebeu o Leão de Ouro como melhor filme no Festival de Cinema de Veneza deste ano e segue firme e forte em direção ao Oscar, incluindo as duas atrizes.

Ainda não há data para chegada do filme em streaming.

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Destaques nas plataformas

 

Guerra Civil – direção: Alex Garland  – 2024 – MAX

Em um futuro distópico, nosso Wagner Moura interpreta um jornalista  que , junto com outra repórter, vivida por Kirsten Dunst, luta para cobrir uma guerra civil nos os Estados Unidos. O grupo embarca em uma jornada a Washington D.C. para tentar um furo de reportagem com o presidente do país.

 

O homem que amava discos voadores – direção: Diego Lerman – Argentina –  2024 -Netflix

Todo mundo que acompanha a coluna sabe do meu encantamento pelo cinema argentino. Navegando em vários gêneros, chegou há pouco o filme que conta como o jornalista José Zer em 1987, colocou o público argentino em polvorosa ao fazer reportagens sobre suposta visita de alienígenas no interior do país. Com a ajudinha de algumas ‘evidências’ criadas pelo jornalista, a cobertura vira um circo midiático. Baseado numa história real, o episódio é contado de forma divertida, mas crítica. Leonardo Sbaraglia, um dos mais famosos atores argentinos da atualidade, está sem seu charme habitual atrás da maquiagem que o transforma no apresentador.

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Destaques nos cinemas

Jeanne Du Barry – A favorita do rei – direção: Maïwenn – 2024

Após escândalos na vida pessoal e processo rumoroso da ex-esposa, Johnny Depp volta às telas na pele do rei Luís XV. O filme é livremente inspirado na história de na vida de Jeanne Bécu, filha ilegítima de uma costureira humilde, que alcança o auge da corte sa como amante oficial do rei. Ambiciosa, ela consegue conquistar o coração real e um lugar na corte, mas o escândalo incomoda a nobreza.

O filme abriu o Festival de Cinema de Cannes este ano e está em cartaz dentro do Festival de Cinema Varilux ( Em Florianópolis: Cine Paradigma).

 

Ainda estou aqui – direção:Walter Salles – 2024

Quem ainda não viu o fenômeno do ano, tem chance de assistir o filme que retrata a história da família de Rubens Paiva, deputado cassado e engenheiro que foi preso, torturado e morto durante a ditadura militar. Baseado no livro do filho de Rubes, Marcelo Rubens Paiva, o filme vem arrastando multidões e sua aprovação no importante site Rotten Tomatoes, ultraa os 90%. Fernanda Torres brilha no papel de Eunice Paiva, a viúva e mãe de cinco filhos, condutora da trama na versão cinematográfica. Selton Mello e Fernando Montenegro também estão excelentes.

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*Fotos: Divulgação/Reprodução

 

THE END

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