ando a régua em 2024, resolvi trazer na primeira edição de 2025 as listas de melhores produções [e decepções] para alguns ilustres cinéfilos. Assim, a coluna não fica com uma opinião monocrática ! Os filmes e séries apontados pelos convidados são também um bom material para o leitor se preparar para a cerimônia de divulgação dos vencedores do Globo de Ouro no próximo domingo (5). É grande a expectativa para a revelação de Melhor Atriz. A importante revista Variety indica a vitória da nossa Fernanda Torres, mas sou daquelas que prefere não criar grandes ilusões para não amargar a decepção depois. Se estou torcendo por ela ? Ora, que dúvida… Fernandinha merece todos os prêmios da temporada, não por ser brasileira, mas por sua atuação espetacular em “Ainda estou aqui”. No Brasil, o Globo de Ouro será exibido pelo canal TNT e pelo streaming MAX. Pra quem curte ver a chegada no tapete vermelho (eu, eu, eu), o canal E! é o melhor.
Voltando às nossas listas: é como naquela velha máxima “ gosto é gosto, assim dizia a velhinha que comia sabão”! Então, uma mesma série que aparece várias vezes na categoria ‘ melhores”, aparece também em “ decepção”; um filme que muitos apontaram como “ decepção”, surge também em “ melhores”… E aí, você concorda com quem ? Escreva contando.
E não se esqueça de torcer MUITO no domingo pelos seus favoritos. Eu farei isso!
Marcelo Rocco – ator e professor de teatro e ator
Filmes
A Substância
Guerra Civil
Ainda estou aqui
Pobres Criaturas
O quarto ao lado ( foto)
Queer
Longlegs
Séries
True Detective – Terra Noturna (HBO/Max)
Bebê Rena (Netflix)
Uma decepção
Coringa-Delírio a dois – um desperdício de bons atores
Martin Viaggio – produtor e diretor argentino de cinema
Filmes
Anora
Coringa –Um delírio a dois (foto)
Megalopolis
Uma decepção
Napoleão
Séries
Um cavalheiro em Moscou
O Urso
Uma decepção
Cem anos de solidão – li o livro de Gabriel Garcia Marquez três vezes; é um dos meus romances favoritos.
Cleide Klock – jornalista brasileira atuando em Los Angeles, onde cobre Hollywood
Filmes
O Brutalista
Wicked
Setembro 5
A Substância (foto)
Nickle Boys
Filme Brasileiro
Ainda Estou Aqui
Séries
Bebê Rena (Netflix)
Cem Anos de Solidão ( Netflix)
Um Dia (Netflix)
Sr & Sra Smith
Hacks 3 temporada (HBO)
Pinguim
Decepção
Blitz
Chuchi Silva – jornalista
Filmes
Ainda estou aqui
Pobres Criaturas
Entrevista com o demônio
Minissérie
Bebê Rena (foto)
Decepções
Coringa-Delírio a dois
Os outros 2 (minissérie brasileira)
Jefferson Douglas – jornalista, colunista do Portal Making of
A substância (Mubi)
A história é, no mínimo, angustiante. É isso. Convém não dizer mais nada.
The Midas Man (Prime Vídeo)
O filme retrata a história de Brian Epstein, considerado o 5º Beatle. Não é a produção mais fantástica do mundo, mas é bem produzida e traz um pouco de luz sobre um personagem histórico. Tem no elenco nomes com Jacob Fortune-Lloyd e Emily Watson.
Como Vender a Lua (AppleTV)
Prefere algo mais “água com açúcar”? Então veja Como Vender a Lua. O filme mostra uma publicitária (Scarlett Johansnon) tentando melhorar a imagem da NASA no início da corrida espacial.
True Detective: Terra Noturna (Max) – (foto)
Na minha opinião, foi a série do ano. Traz Jodie Foster em uma trama aparentemente sobrenatural na gelada região ártica.
Slow Horses (AppleTV)
A série britânica de espionagem é bem produzida, tem um roteiro inteligente e, de brinde, traz feras como Gary Oldmann, Kristin Scott Thomas e Jonathan Price. A quarta temporada estreou em setembro mas, pra garantir a compreensão do enredo, convém começar do início…
Histórico Criminal (AppleTV)
Retrata uma disputa entre dois investigadores de polícia. Peter Capaldi (de Dr. Who) produz e protagoniza a série. E vai muito bem na tarefa, a ponto de se recuperar do infame A Hora do Diabo.
Decepção
The Kraven
A história faz parte do universo Marvel e me chamou atenção por ter Russel Crowe no elenco. Mas achei o filme tão ruim que, saí do cinema antes de 30 minutos de exibição.
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ESPECIAL
Nosso colaborador regular, o escritor, professor, tradutor e dramaturgo, Robertson Frizero, também escreveu especialmente para a coluna as suas impressões sobre o que viu de melhor e mais decepcionante em 2024.
MELHORES SÉRIES DE 2024
Foi um ano em que tive pouquíssimo tempo para assistir séries e filmes, então minha lista será de grandes ausências, mas trará aquelas séries que conseguiram me prender de jeito. Como escritor, as adaptações literárias chamam-me mais a atenção, o que é outra característica dos meus destaques.
SÉRIES
- Bebê Rena
Adaptada de um monólogo escrito pelo comediante Richard Gadd, que protagoniza a minissérie, é um retrato forte e assustador de uma obsessão amorosa, com uma franqueza poucas vezes vista antes. O roteiro é brilhante e as atuações, geniais.
- Xógum
A série traz com impressionante riqueza visual o romance de James Clavell, que já havia rendido uma série televisiva nos anos 1980. Essa nova série é impecável, tanto na reconstituição de época, quanto nas interpretações e roteiro.
- Cem Anos de Solidão (foto)
Gabriel Garcia Márquez não queria que Hollywood adaptasse seu grande romance. Mas a série da Netflix é um grande acerto justamente por estar nas mãos de quem entende aquele universo literário: produção colombiana, com elenco majoritariamente colombiano e sob o olhar cauteloso dos herdeiros do escritor. O resultado é impecável.
- Arcanjo Renegado
Em meio a tantas séries de ação estrangeiras, muitas dispensáveis, “Arcanjo Renegado” mostra que o Brasil consegue, sim, produzir conteúdo de qualidade e interessante, contando nossas histórias, sem deixar nada a dever às superproduções norte-americanas. A série conseguiu manter o interesse e a força em sua nova temporada e promete seguir mostrando todas as nuances e dubiedades do combate ao crime no Rio de Janeiro das milícias e traficantes.
- Avatar: o último mestre do ar
Depois de uma fracassada tentativa de adaptação para o cinema, a série resgata o universo mágico do anime de mesmo nome. Um roteiro bem amarrado e boas atuações do elenco jovem mantém o interesse na história, que ganhou uma esmerada direção de arte. É diversão para toda a família.
Menções honrosas:
Vamos aos dramas! Rainha das Lágrimas – sim, assisti a um dorama! – é meio hipnótica ao misturar nuances culturais tão interessantes sobre a Coreia do Sul com o puro dramalhão; Griselda traz uma Sofia Vergara sustentando com muito talento – e brilhando ao interpretar em sua língua materna – uma série corajosa sobre a primeira grande chefe do tráfico colombiano; e Pedaço de Mim, série dramática brasileira que parte de uma premissa quase absurda, mas plausível, para fazer brilhar o talento de Juliana Paes e Vladimir Brichta fora dos holofotes globais…
Menção desonrosa:
Kaos pode ter sido um daqueles casos em que se vai com tamanha expectativa para ver algo grandioso e a frustração vence a paciência… Não consegui avançar. Talvez me falte conhecimento de mitologia grega ou simplesmente não entendi o propósito daquele roteiro confuso e daquela direção de arte exageradamente kitsch…
MELHORES FILMES DE 2024
- Ainda estou aqui
Que palavras? Nenhum filme me impactou do mesmo modo que a produção de Walter Salles. A história é universal e, ao mesmo tempo, trata de um momento tão crucial e específico da realidade brasileira – uma época da qual não podemos esquecer e precisamos reviver na arte sempre e a todo instante. Fernanda Torres ofereceu a atuação do ano e qualquer prêmio que não reconheça isso está perdendo a chance de registrar na história do cinema o que é, de fato, ser atriz. Quando se está enamorado da protagonista o bastante, Fernanda Montenegro chega nos minutos finais para mostrar que nem palavras são necessárias para oferecer uma emoção, despertar no público um sentimento maior.
- Anatomia de uma queda
Poderia ser apenas mais um filme de tribunal – e as cenas de tribunal são incrivelmente bem elaboradas –, mas é uma obra de arte costurada com sutileza, expressa de forma minimalista, sem jamais recair em sentimentalismo ou usar de armadilhas para prender o leitor pelo drama. As atuações são naturalistas e impecáveis, sobretudo a de Sandra Hüller, premiada com o Cesár e indicada ao Oscar pela interpretação cheia de nuances.
- Zona de Interesse
Uma obra de arte necessária e incômoda sobre o poder de abstração dos seres humanos diante do mal. O filme mostra o cotidiano da família de um oficial de alta patente da máquina nazista que vive ao lado de um campo de concentração. Sem mostrar uma cena sequer de tortura ou morte, faz-nos morrer por dentro a cada cena em que recordamos o que se a do outro lado daqueles altos muros, na vizinhança daquele belo jardim…
- Ficção americana
Um escritor que, para fazer sucesso, começa a escrever da forma que ele mais odeia, usando as estratégias que ele mais critica no meio literário em que vive… Identifiquei-me tanto com o filme que fui pego de surpresa por aquele final absolutamente genial. Originalíssimo e muito divertido – mesmo para quem não é escritor, mas está antenado no atual estado das coisas, na máquina de fazer fama e fortuna que rege nossos dias.
- Fale comigo
Há muito não se via uma obra de terror com um roteiro tão interessante e distante dos grandes clichês do gênero. Partindo de uma história simples, ponto de partida de tantos filmes de terror – o objeto macabro que abre portais para dimensões infernais –, a produção usa o tema da possessão por espíritos de maneira inusitada e profundamente assustadora. Uma produção australiana de baixo orçamento, mas muita criatividade e um final surpreendente. Conselho: nunca tente conjurar sua falecida mãe numa festinha…
Menções honrosas:
Vamos às biopics! Oppenheimer pareceu-me longo, talvez pudesse ganhar mais com alguns cortes e reduções, mas é um grande filme sobre o biografado e, sobretudo, um retrato abrangente do que foi o programa nuclear e a criação da bomba atômica; e Maestro mostra de forma sensível e corajosa a vida do grande regente e compositor norte-americano Leonard Bernstein – como fã dele, confesso que percebi algumas lacunas importantes, mas respeito o recorte feito pelos roteiristas e emocionei-me com o filme.
Menção desonrosa:
A Substância ganhou o gosto de muitos por razões que fogem ao meu alcance. O filme tem enquadramentos de câmera interessantes, que trabalham muito bem na direção de arte – digna de premiação. Há referências ao Stephen King do cinema – “O Iluminado”, “Carrie, a estranha” – facilmente perceptíveis e bem pensadas. Mas tudo isso não consegue esconder um roteiro fraco, previsível, sem grandes inovações para “O Médico e o Monstro”. A crítica social escorre na sangueira gratuita.
Back to black é tão ruim que chega a ser ofensivo à memória da grande cantora. Há momentos em que parece uma caricatura ou um quadro do Saturday Night Live… Em alguns momentos, assustou-me mais que A Substância.
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THE END
*Fotos: Divulgação/Reprodução