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Alta da Taxa Básica de Juros: um tiro no pé para a economia brasileira?

Marcello Casal JrAgência Brasil

Preocupado com o déficit fiscal, a inflação e o dólar, e sob pressão do mercado, o Comitê de Política Monetária (Copom) aumentou em 1% a taxa básica de juros. O comitê poderia ter sinalizado cautela ao mercado com a manutenção da taxa de juros e um viés de alta, mas optou por uma elevação expressiva. A medida, embora destinada a aliviar a pressão cambial, não surtiu efeito imediato. O recente recuo do dólar, que opera abaixo de R$ 6, resultou mais de um leilão de US$ 4 bilhões pelo Banco Central do que do aumento da taxa Selic. A lógica é simples: com mais dólares no mercado, o câmbio tende a cair.

O aumento da Selic para conter a inflação com o atual viés do Banco Central é um remédio amargo que vai desacelerar a economia. A alta de 1 ponto percentual agrava o custo da dívida pública, já que um aumento de 0,5 ponto percentual na Selic adiciona cerca de R$ 26 bilhões em gastos com juros. Essa política monetária agressiva pressiona ainda mais o orçamento governamental e amplia o déficit fiscal e cria desafios para a recuperação econômica.

A dinâmica cambial, por sua vez, reflete mais fatores externos e a menor intervenção cambial do Banco Central do que a política fiscal. Entre 2019 e 2022, o BC interveio 113 vezes, vendendo US$ 74 bilhões. Já na gestão Lula, houve apenas uma intervenção até setembro de 2024, quando US$ 1,5 bilhão foram leiloados e, ontem, o anúncio na segunda intervenção com o leilão de 4 bilhões de dólares.

A alta de juros enfrenta críticas devido ao impacto negativo nas famílias endividadas, no crédito privado e no custo da dívida pública. Apesar de o IPCA de novembro registrar alta de 0,39%, elevando o acumulado em 12 meses para 4,87%, o aumento da Selic pode contrair a economia. A medida compromete o consumo das famílias e redireciona parte significativa dos gastos do governo para o pagamento de juros, limitando a capacidade de investimento em programas que sustentaram o crescimento do PIB.

Diante desse cenário, o debate sobre gradualismo versus choques agressivos na política monetária segue em pauta. Embora o aumento gradual possa evitar uma desaceleração abrupta, a elevação acelerada dos juros representa um risco grande ao equilíbrio fiscal e aos investimentos privados. Decisões dessa magnitude precisam considerar os impactos amplos, sob o risco de transformar o combate à inflação em um fardo insustentável para o país.

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